“A sucessão é como uma corrida de revezamento: aquele que vem atrás passa o bastão para o da frente e todos têm que dar o máximo de si. Requer bom preparo”, sintetiza Pedro, que, apesar de falar sobre sucessão, garante que a empresa está deixando de ser familiar para ter uma gestão profissional. Mas no caso dele, antes de assumir a empresa de Eva, como se preparou? “Vendo, ouvindo e aprendendo com os erros.” E como preparar os outros? “É possível se capacitar com compromisso.”
Compromisso, aliás, é um valor que Pedro aprendeu com a mãe e tenta imprimir também nos negócios, garantindo ser este um dos principais ingredientes do sucesso da Livraria. É pertinente em todas as ações dentro de uma empresa, independentemente de ser familiar ou não, e ele garante esperar tanto compromisso de seus filhos quanto dos demais funcionários.
“Herdei e transmiti compromisso. É algo que precisa ser assumido por governantes e empresários”, diz. “Se alguém falta a um compromisso é crime, porque está roubando tempo do outro.”
Pedro também demonstra aversão à separação entre conversas de família e de negócios, afirmando que se precisasse tomar uma decisão importante e estivesse em um almoço de domingo com a família. “Poder conversar não tem horário. Se os colegas de trabalho, parentes ou não, não podem conversar só porque é feriado, não funciona, porque engessa. O profissionalismo não se dá por aí, pela regra, mas sim no comportamento.”
Já a empresa de tecnologia Visual Sistemas Eletrônicos, que em 25 anos de atuação implantou no País cerca de oito mil sistemas de diversos segmentos, segue outra opinião, compatível com o conselho de Eduardo Najjar, especialista em empresas familiares. Durante o HSM ExpoManagement do ano passado, ele defendeu que “ o relacionamento familiar e o da empresa têm de ser separados, sem discussão de negócios durante o almoço dominical.”
É o caso da Visual. “Fundei a empresa com meu irmão Olegário e sempre entendemos como premissa separar a vida profissional da privada, valorizando um convívio familiar sem interferências com os assuntos da corporação”, conta Joaquim Amorim Pereira, ainda sócio da companhia. Ou seja, nada de “Visual” à mesa aos domingos.
Também ao contrário da Livraria Cultura, a Visual deverá ser mantida na família por muitas gerações. Os filhos dos irmãos-sócios ainda são crianças, mas a empresa já iniciou o projeto de sucessão. “Os maiores desafios são a formatação do projeto e a preparação dos sucessores, mas são tarefas essenciais para o sucesso desta empreitada, por isso antecipamos o processo”, explica Joaquim. “Acreditamos na necessidade de formar os sucessores como gestores, bem como todo o quadro de funcionários pois todos têm participação na durabilidade da empresa. Trabalhamos para implementar essa cultura de forma profissional, por meio de critérios da meritocracia.”
As duas empresas podem divergir em algumas posturas, mas não alteram dois fatores. Um deles é a saúde empresarial. Pedro Herz tem sua razão quando diz que as regras podem engessar, pois cada organização deve encontrar as diretrizes que melhor lhe servir – o que realmente vale é a harmonia. E o outro fator diz respeito à sucessão. Não basta passar o bastão para qualquer um, só porque este está a sua frente, é importante deixar um sucessor bem preparado para perpetuar o sucesso do negócio.
[HSM online]
Nenhum comentário:
Postar um comentário