quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Lugar de mestre e doutor é nas empresas.

Ronaldo Mota - Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia

Estamos tão acostumados com associar pesquisadores com universidades, que pode soar estranho o título acima. No entanto, parte da solução em direção a um crescimento sustentável passa por nos habituarmos a que empresa também é lugar para os mestres e doutores.

O Brasil ocupa a 13ª posição mundial em produção de conhecimento, sendo responsável por mais de 2% dos artigos publicados, o que é um resultado surpreendente. Parte desse sucesso está ancorada em nossa bem estruturada pós-graduação, que forma em torno de 11 mil doutores e 35 mil mestres por ano.

A perversa realidade brasileira evidencia, no entanto, que somos predominantemente um país que aprendeu a fazer ciência de ponta e formar recursos humanos do mais alto nível sem ainda resultar na desejável transferência, no mesmo ritmo, via promoção de inovação, requisito essencial para uma economia competitiva, próspera e sustentável.

Mudar essa realidade demanda políticas públicas acertadas e continuadas, além de mudanças culturais que envolvem os empresários e a comunidade acadêmica. Entre as ações que podem contribuir com essas desejáveis transformações, está o Programa RHAE (Recursos Humanos de Apoio às Empresas) que financia projetos de inovação dentro das empresas.
Este mês, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), lançou um edital no valor de R$ 30 milhões cujo principal objetivo é apoiar a colocação de pesquisadores mestres e doutores dentro das empresas, prioritariamente naquelas de pequeno e médio portes.
As propostas, a serem apresentadas nesta primeira etapa até dia 22 de janeiro próximo, com valor máximo por proposta de R$ 300 mil, devem estar associadas ao desenvolvimento tecnológico de produtos ou processos visando ao aumento da competitividade das empresas por meio de inovação, adensamento tecnológico e dinamização das cadeias produtivas, em coerência com a realidade regional e através da cooperação com as instituições científicas e tecnológicas do Estado.

Neste momento, a recuperação da indústria gaúcha evidenciada pelo estudo recente da Fiergs, apontando terceiro mês consecutivo de crescimento, certamente poderá ser ampliada e consolidada através de participações em programas como este, permitindo a desejável sustentabilidade do processo em curso.

[Zero Hora - 21/01/2010]

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