sexta-feira, 16 de abril de 2010

Mundo deveria ter um novo G-7, com os países do BRIC, diz Jim O'Neill.

Criador do termo BRIC defende que o grupo seja formado por Brasil, Rússia, Índia, China, Estados Unidos, Japão e União Europeia.

O chefe de pesquisa em economia global do Goldman Sachs, Jim O’Neill, o homem que criou o acrônimo BRIC – que se refere ao grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China – afirmou hoje (15/04) que um dos principais desafios do Brasil é ter uma política monetária bem avançada para controlar a inflação, sem descuidar do crescimento do consumo interno.

Falando a jornalistas e economistas via videoconferência na sede da Federação do Comércio (Fecomercio), em São Paulo, O’Neill afirmou que o Brasil está concentrado na economia interna. Ele acredita que é preciso continuar nessa linha para manter a inflação baixa e estável, mas que é preciso também apresentar maior comprometimento com o comércio internacional.
“Acho que seria importante para o Brasil apertar a política fiscal. Isso poderia ajudar a frear a economia, sem pressionar tanto a política monetária e a taxa de câmbio”, afirmou.
Na projeção do economista, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer até 6,4% em 2010 e 5% em 2011.
Ao falar sobre a China, maior potência econômica do bloco, ele citou como principal desafio o crescimento do consumo interno. O’ Neill prevê que o PIB chinês deve avançar 11,4% este ano e pelo menos 10% em 2011.
O economista contou que se sentiu preterido por não ter sido convidado para a cúpula de chefes de Estado dos Brics, em Brasília. Em tom de brincadeira, O´Neill afirmou que tinha passado o carnaval no Rio de Janeiro que não havia como ter “mágoa” do Brasil em função do “esquecimento”. Ele considera que o fato de os países estarem se encontrando passa uma mensagem de que o mundo precisa de mais mudança. “Embora eles não tenham a mesma filosofia política, têm tanta legitimidade quanto o G-7 ou mais”, afirmou.

Novo G-7

Segundo o economista, os Brics representam 16% do PIB global, o equivalente a quase 70% dos Estados Unidos. “Em 2018, juntos, eles serão tão grandes quanto os Estados Unidos. É uma conta simples, porque é nos países dos Brics que há de maneira mais rápida o crescimento da economia e do consumo”, disse.
Na sua opinião, não faz sentido que o G-7 ainda tenha mais peso que os Brics, já que, individualmente, são maiores do que o Canadá, que faz parte do bloco dos mais ricos. “Acredito que deveríamos começar a pensar em um novo G-7 composto pelos quatro países do Bric, mais Estados Unidos, Japão e União Europeia.”
Quanto à eventual saída da Rússia dos Brics, ele afirmou que o país merece continuar no bloco, embora tenha tido um desempenho ruim na crise. “Mas, na última década, seu crescimento do PIB, em termos absolutos, foi maior que o do Brasil.” O desafio da Rússia é a questão demográfica. Para ele, a população daquele país está encolhendo e a expectativa de vida chega a 59 anos para os homens. “Em 40 anos, a Rússia terá um terço da população atual”, afirma. “Eles precisam pensar em formas de resolver isso.”

[Viviane Maia - Época Negócios]

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