
Conhecido em todo o Brasil, o peculiar estilo competitivo gaúcho, muitas vezes se configura como uma barreira a ser superada no ambiente de negócios do Rio Grande do Sul. Comumente, a postura tradicional de tender por opções antagônicas e excludentes, impede que se possa gostar de algo sem que se deteste as outras alternativas, aprovar uma proposta sem desprezar todas as outras ou desejar o sucesso de um lado, sem desejar o fracasso de todos os outros.
Esta índole, visível muito mais para quem olha de fora do que pelos que aqui estão, acontece no esporte, na política, nas relações pessoais e também na dinâmica econômica local.
Em alguns casos, quem disputa consumidores com produtos iguais ou semelhantes, são mais do que concorrentes, são adversários a serem batidos e até inimigos a serem aniquilados. Mesmo operações de segmentos de mercado diferentes, conseguem, por vezes, estabelecer relações competitivas intensas, nem sempre tecnicamente justificáveis.
Claro que também há um lado positivo nesta circunstância, que é o estímulo à luta, ao desenvolvimento, ao empreendedorismo e a busca de resultados sempre superiores a todos os outros. Mas muito se tem perdido de energia com esta situação e, em algumas disputas cegas que não consideram o que realmente é importante, tem se desperdiçado oportunidades que nunca serão contabilizadas no seu todo, pois algumas, sequer conseguem ser percebidas.
Neste contexto, a confirmação de Porto Alegre como subsede da Copa do Mundo de Futebol de 2014, além de uma fabulosa oportunidade de desenvolvimento local, consequente do volume de investimentos em infraestrutura e da potencialização de negócios nas mais diversas áreas, constitui-se em um desafio de unidade de visão e de esforços orientados por um objetivo comum.
Talvez, seja essa, uma condição sem precedentes de aprimoramento da índole competitiva gaúcha, estabelecendo novos parâmetros de arranjos de investimentos e de relacionamentos no ambiente de negócios, que potencialize os resultados de cada um e permita, finalmente, o sucesso de todos.
Um comentário:
Grande Professor Nelson! Coaduno plenamente com seus conceitos, e repito em cópia, uma frase sua do texto em questão: "um desafio de unidade de visão e de esforços orientados por um objetivo comum".Inexoravelmente este deve ser o target de nossas ações, não somente para o evento em questão, mas sim nas nossas negociações em geral, visando "democratizar", ou talvez o termo correto seria "amenizar" a pecha que nós gaúchos temos, relacionada ao bairrismo exacerbado, o qual, conceitualmente, faz bem para a "alma gaúcha", folcloricamente explorada, porém, vai de encontro ao mundo moderno. Podemos manter nossas tradições, mas temos que estar mais abertos para as novidades, reduzirmos os antagonismos que imperam as relações, seja no esporte, na política, na música. Precisamos "Pertencer", ao invés de querermos somente "Ser", como gritamos sempre que podemos "ah,eu sou gaúcho"...
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