(Trecho da reportagem de Época Negócios da edição de setembro de 2010)
Com seus cabelos e sobrancelhas brancos e espessos, rosto arredondado e jeito bonachão, o ministro indiano Kapil Sibal é um personagem desconhecido no mundo ocidental dos negócios. Semanas atrás, ele viveu seus 15 minutos de fama global ao apresentar, em Nova Délhi, o protótipo do tablet de US$ 35 que seu governo promete lançar em 2011. Exibido num estojo de couro pesado, o aparelho assemelha-se a uma tela de notebook destacada do teclado. Nem de longe lembra o iPad. Mas custa 93% menos que o leitor eletrônico da Apple e permite escrever, ler, navegar na internet e fazer videoconferências. Sibal apresentou-o como a resposta indiana ao notebook de US$ 100 idealizado pelo professor Nicholas Negroponte, do MIT. O genérico do iPad – ainda em busca de um nome e de um fabricante – tem tecnologia 100% indiana e foi concebido para um mercado de consumo gigantesco, mas de baixíssimo poder aquisitivo, onde escala é tudo e as margens são apertadíssimas. Se vingar internamente, porém, tem potencial para ganhar o mundo.
Este é o exemplo mais recente, de repercussão global, do que os estudiosos da inovação chamam hoje de engenharia frugal. Não se trata, simplesmente, de inovações de baixo custo. Não é, tampouco, um esquema para aumentar margens de lucro asfixiando fornecedores. A disciplina no controle de gastos é parte importante do processo, mas a ênfase não é no corte de despesas e sim em evitar custos desnecessários já na concepção dos produtos e serviços. A ideia central por trás de toda decisão de engenharia frugal é maximizar valor para o consumidor e minimizar gastos não essenciais.
O termo engenharia frugal foi cunhado em 2006 pelo brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Renault, para descrever a competência dos engenheiros indianos em desenvolver produtos como o Nano, da Tata Motors, ícone indisputável dessa tendência. A decisão da equipe de desenvolvimento do carro mais barato do mundo de não oferecer um rádio no modelo mais básico é paradigmática. Os engenheiros entenderam que o típico consumidor potencial do Nano dá muito valor a espaço extra para guardar seus pertences. Usar o que normalmente seria o compartimento do rádio para isso agregou valor para essa clientela
[Alexandre Teixeira - EpocaNegócios]
Este é o exemplo mais recente, de repercussão global, do que os estudiosos da inovação chamam hoje de engenharia frugal. Não se trata, simplesmente, de inovações de baixo custo. Não é, tampouco, um esquema para aumentar margens de lucro asfixiando fornecedores. A disciplina no controle de gastos é parte importante do processo, mas a ênfase não é no corte de despesas e sim em evitar custos desnecessários já na concepção dos produtos e serviços. A ideia central por trás de toda decisão de engenharia frugal é maximizar valor para o consumidor e minimizar gastos não essenciais.
O termo engenharia frugal foi cunhado em 2006 pelo brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Renault, para descrever a competência dos engenheiros indianos em desenvolver produtos como o Nano, da Tata Motors, ícone indisputável dessa tendência. A decisão da equipe de desenvolvimento do carro mais barato do mundo de não oferecer um rádio no modelo mais básico é paradigmática. Os engenheiros entenderam que o típico consumidor potencial do Nano dá muito valor a espaço extra para guardar seus pertences. Usar o que normalmente seria o compartimento do rádio para isso agregou valor para essa clientela
[Alexandre Teixeira - EpocaNegócios]
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